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11 EDUCA SESC 2018 RESUMO Esse artigo tem o propósito de lançar o olhar sobre o encantamento e sobre a magia no ambiente educacional. A cortina de fundo desse estudo será a arte mágica como metáfora de transformação da vida. Para isso, vai-se refletir sobre os vilões que matam a utopia, o espetáculo e a magia nas mentes daqueles que adentram esse grande palco chamado escola, onde, por vezes, encontram-se crianças e adultos que já não acreditam mais na ilusão e no poder da imaginação. Por meio da figura da “varinha mágica” se poderá pensar nos sonhos e nos desejos que habitam esse imaginário. Já na arte do impossível se resgata o entendimento acerca da crença na mágica, que ocorre na mente e no coração das pessoas quando se deparam com momentos especiais. Na sequência, desvendando os segredos, o estudo aborda a importância do sigilo enquanto mistério que instiga, provoca e desperta o interesse em querer saber, descobrir e construir hipóteses que levam ao conhecimento. Ao abrir as cortinas, é hora de fazer o show. Como será a performance do artista na frente dos alunos? Sua postura, suas atitudes, a motivação e a qualidade do seu conteúdo farão diferença nesse momento, pois é quando as coisas de fato acontecem. Portanto, educar como exercício mágico é tornar melhor o mundo de alguém, produzir a mágica da vida como professores. É fazer os sujeitos acreditarem em si e no seu poder de mudança. EIXO TEMÁTICO: educação. PALAVRAS-CHAVE: arte mágica, educação, encantamento, ensino. INTRODUÇÃO Ao perguntar às professoras e aos professores – o que é mágica? – o que essa palavra te lembra? –, imediatamente alguns termos começam a ser pronunciados e um brilho nos olhos lança luz sobre as lembranças, remetendo a tempos e fases da vida guardadas num lugar muito especial. São resquícios de uma época marcante. Acontecimentos diversos e sensações que se tornaram inesquecíveis. Em resposta a essas perguntas, são ditas expressões como: alegria, mistério, desafio, criatividade, riso, infância, surpresa, encantamento, ilusão, fantasia, excelência, satisfação, disciplina, concentração, treinamento, habilidade, truque, vida, imaginação, aprendizado e muitas outras falas que, de forma geral, despertam emoções inexplicáveis e resgatam memórias fantásticas. São manifestações que retratam o sentido de poiésis, ou seja, de atividade criativa, de um fazer educacional que estimule leituras diversas nos caminhos da vida, da construção histórica ao protagonismo nas escolhas que cada sujeito precisa empreender no cotidiano. São palavras mágicas que apontam caminhos pelos quais os alunos serão conduzidos no seu tempo/ espaço educacional, encontrando mais sentido e interesse nos estudos, nas relações construídas e nas descobertas do conhecimento. Por outro lado, quando o ambiente escolar não materializa os estímulos representados nas palavras em que a metáfora da mágica se sustenta, fica o vazio de significados e de motivação. E o que seria Ilusão? Buscando uma definição de sua origem, vê-se que ilusão vem da palavra latina illusio . Esta, por sua vez, deriva de ludere e illudere , cujo significado é jogar, transpor. Em sua gênese, o termo se liga à ideia de jogo, de lúdico e de transposição, capacidades inerentes ao homem, responsáveis pelo desenvolvimento de sua linguagem, de sua comunicação e de sua sobrevivência. Conforme o pesquisador Harada (2012), liga-se também à capacidade imaginativa, pela qual é possível agir e viver sob o regime do “como se”. Ou seja, algo que poderá vir a ser. Pois tal capacidade envolve a criação de expectativas e a transposição de funções e significados em toda e qualquer experiência. As capacidades de jogar e de se iludir são inerentes à própria constituição do pensamento (p. 95). CAMINHOS PERCORRIDOS Nesse ponto, surge a problemática sobre a qual este estudo vai tentar refletir: por que a escola vem perdendo a magia e o encantamento com o passar do tempo? O objetivo geral do trabalho foi fazer um paralelo entre educação e a arte mágica, ajustando o foco para o potencial de transformação e encantamento dessas duas artes. E os objetivos específicos que nortearam essa caminhada foram: utilizar a mágica como metáfora para pensar a educação de forma criativa e resgatar o olhar sobre o poder transformador da educação. Esse trabalho seguiu o método da pesquisa qualitativa. É importante saber que essa metodologia assume diferentes significados no campo filosófico e das ciências sociais. [...] a pesquisa qualitativa tem suas raízes nas práticas desenvolvidas pelos antropólogos, primeiro e, em seguida pelos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidades. Só posteriormente irrompeu na investigação educacional (TRIVIÑOS, 1987, p.120). Entre os autores que embasaram as reflexões estão Ricardo Harada, Rubem Alves, Maurizio Manzioli, Paulo Freire e outros. ALGUNS VILÕES DA MAGIA NA EDUCAÇÃO Os professores e professoras têm vivido dias difíceis profissionalmente. O ruído nas salas de aula está cada vez pior. Alunos se agridem, falam palavrões e não demonstram o menor respeito ao profissional que está em sala, salvo algumas exceções. Desde os primórdios, as crianças brincam reproduzindo o seu dia a dia. Na contemporaneidade, em que a violência está expressa cotidianamente nas mídias, a convivência com a corrupção, com o crime e com as drogas passa a ser entendida como normal e corriqueira. Nas escolas, as crianças reproduzem, em suas brincadeiras, os comportamentos que estão acostumadas a assistir diariamente em seus programas favoritos, ou nos jogos online, carregados de uma grande dose de violência e agressão. Sob essa influência, chegam às vias de fato nas instituições de forma intensa contra professores e colegas. Também se percebe a falta de interesse em aprender o conteúdo que está sendo trabalhado em sala. Esse comportamento distorcido provoca um desgaste e exige cada vez mais energia dos profissionais. Não bastasse isso, as tecnologias móveis, ao mesmo tempo em que abrem portas para o mundo e facilitam a pesquisa e a comunicação, têm se tornado As capacidades de jogar e de se iludir são inerentes à própria constituição do pensamento.

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