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9 EDUCA SESC 2018 ciência está organizada, atualmente, não mais em física, biologia e matemática, não há grandes centros como havia. Há centros de alterações climáticas, sobre água, sobre as mobilidades. Envolve os físicos, mas também sociólogos. Como discutir sobre os problemas da água sem perceber as implicações sociais que envolvem a água, os rios, o mar, as alterações climáticas. A ciência disciplinar mudou para o que chamamos de ciência da convergência e temos que promover essa mudança na escola. Da mesma forma como copiamos a ciência há 200 anos, temos que copiar novamente a ciência atual e nos organizar por grandes temas. E insisto: isso não é diminuir o conhecimento, não quer dizer que os alunos não têm que saber matemática, física e história. É óbvio que têm saber, se não a escola não serviria para nada. E este tem que ser o foco da escola, mas nessa perspectiva de mobilizar os conhecimentos para compreensão e leitura do mundo. Na fase da vida que estou não acredito em nenhuma reforma educacional. Nunca deram em nada no passado e não vai dar em nada no futuro. Reforma da educação é uma forma dos políticos se entreterem, deixarem uma marca, dizerem que fizeram alguma coisa para colocar no currículo. Não funciona. Não é por aí que se muda a escola e a educação. Temos que pensar como se cria as condições para construir novos ambientes educativos que permitam o trabalho conjunto entre os professores e uma nova atitude dos alunos na escola. Isso que é central para dar vida novamente à escola, fazer com que respire curiosidade, vontade de saber. Hoje parece algo morto, se entra e só espera que termine, que venha o recreio. Como é que damos vida outra vez à escola? É o grande tema e tem a ver com reconstruir os ambientes educativos. Brincando com as palavras, estamos tentando fazer no ambiente escolar uma coisa que não é possível fazer lá dentro: autonomia e diferenciação pedagógica. Podemos dizer que se eu quiser que as crianças nadem, eu não as solto do 12º andar, porque de lá elas só podem voar. Assim como não podem voar dentro de uma piscina. O ambiente tem que estar preparado. O que hoje importa é aprender as linguagens, é o que permite ler, interpretar e estar no mundo. Imaginar um ensino médio em que as matérias relacionadas com a filosofia não têm uma grande importância é completamente absurdo. João Castro

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