Adoecer, sofrer ou morrer estão longe de ser processos matemáticos ou estatísticos. São condições humanas e [...] deveriam ser tratadas com mais filosofia e humanidade. A MEDICINA TAMBÉM TEM AVANÇADO DEMAIS EM OUTROS ASPECTOS. ELA TEM ‘AVANÇADO’ SOBRE AS PESSOAS SADIAS. Não existe absolutamente nenhuma intervenção médica isenta de riscos. Há muito mais pessoas tomando antidepressivos do que pessoas oficialmente deprimidas. Os números citados nas estatísticas não sofrem, não têm efeitos colaterais, não gastam boa parte do seu dinheiro em remédios e não morrem. Se uma doença precisa de uma campanha para ser lembrada, tem algo muito estranho acontecendo. Vivemos em um mundo paradoxal onde todos querem envelhecer, mas as potencialidades da velhice são subestimadas e os velhos são vistos como um tipo de fardo para a sociedade. CHAMAR A PESSOA DOENTE DE ‘PACIENTE’ ACABA COLOCANDO-A EM UMA SITUAÇÃO DE PASSIVIDADE. Os médicos nunca prescreveram tanto quanto hoje. As pessoas nunca tomaram tantos remédios. [...] Seria maravilhoso se a saúde das pessoas ou o seu bem-estar tivessem aumentado na mesma proporção. Acreditar que todas as novidades médicas são boas e infalíveis não passa de pura ingenuidade. Nenhum medicamento garantirá a sua saúde se você viver estressado e frustrado fazendo o que não gosta, quando e onde não quer e com as pessoas erradas em volta. Deveríamos de certo modo ‘desenvelhecer’ e reaprender a envelhecer.

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