pág. 24 mentos para transformar numa notícia compreensível. Viajei por todo o Rio Grande do Sul, por décadas, hábito do qual tenho muita saudade. Visitei lugares incríveis que poucos conhecem. Depois de tantos anos é impossível abandonar o cacoete de repórter. Minha mulher e meus filhos costumam dizer que, se eu ficasse muito tempo num potreiro, com bois e vacas, em minutos conversaria anima- damente com os animais. Ou com a cerca e as árvores. Este hábito fez de mim um eterno curioso pelas pessoas, suas histórias, agruras, conquistas, alegrias e dificuldades. Alguns relatos me deixam bo- quiaberto. Vejo e ouço muita gente feliz, mesmo obrigada a conviver com doenças graves na família, dificuldades financeiras, longas jornadas de trabalho ou sendo dependentes do caótico sistema de transporte coletivo. Também presencio episódios que amenizam o que chamo de “peque- nos pepinos”. As minhas dificuldades são irrisórias diante dos obstáculos que milhões de brasileiros superam todos os dias para sobreviver. Nos hospitais, no supermercado, na lotação, na fila do caixa do restaurante, no ambiente de trabalho. Em todos os lugares há pessoas que enfrentam situações graves que atingem parentes. Constituem lições de vida nas quais o amor, a garra e a dedicação renderiam livros e séries de televisão. Esta mania de gostar das pessoas passa longe de um mero interesse para fomentar futuras fofocas. É uma espécie de “abastecimento afetivo”, fundamental emminha vida, pontilhada de amigos generosos, familiares amorosos e colegas afetivos. Sou privilegiado pela diversidade de seres humanos ricos que conheci. Retribuir, através da disposição permanente em ajudar, é o mínimo que posso (e devo) fazer.

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