Antes arte do que nunca! Da cidade não cairemos. Simples- mente estamos nela. Manter a cida- de viva significa habitá-la. Ocupar o espaço vazio para não ser ocupado pelo vazio. Ter a mente aberta para as coincidências urbanas que podem ser poéticas e reveladoras de uma estética da imaginação. É preciso perceber a cidade e seus contornos também como um exercício de olhar para dentro. O olhar é, antes de mais nada, um intermediário que remete demimamimmesmo. 1 Será que chegará o dia em que pertencer a uma cidade será estar em casa em todo lugar? Com suas fobias, seus desesperos, convívios e tudo o mais que faz parte de nossas relações entre indivíduos, entre coisas. Por hora, vamos refletir e manter à distância a noofobia, esse medo das formas de pensar. Aqui, padecemos de fobias la- tentes que tomama forma de verdade instituída. Como diria Sartre, “não se trata de enjaular meus contemporâ- neos: eles já estão na jaula”. Assim, praticamos a exclusão para além de nossos corpos e a nega- çãoparaonossoentorno renunciando habitar espaços. Nos contentamos em deslocar todas as formas de medo em uma fuga que se mantém no mes- mo ponto. A rainha de Lewis Carrol nos parece tão contemporânea ao responder: “Pois, aqui, você tem de correr o mais que pode para conti- nuar no mesmo lugar.” 3 NÃO VIVEMOS NUMMUNDO DE VERDADES NATURAIS, MAS HABITAMOS NUMA SELVA DE SÍMBOLOS. 2 Toda a imagem no meio ambiente urbano não é uma coisa, é um ato de consciência.

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