revista Sesc Arte e Educação

artes na educação infantil Escute o artigo Revista Sesc de Arte Educação 12 13 FOTOS INSTANTÂNEAS QUE CAPTURAM O PRESENTE Nem sempre temos celulares ou câmera fotográfica disponíveis e compatíveis ao número de crianças da turma para fotografar as saídas de campo. Esses objetos vão passando de mão em mão e, durante esse momento de espera, o que fazer? Como poderíamos ir aquecendo e exercitando o olhar a produzir imagens? N a atualidade, muitas câmeras fotográficas são conhecidas por imprimir as fotografias instantaneamente após sua captura. Que tal pensarmos em uma forma de emoldurar esses momentos em uma fotografia efêmera? Utilizando molduras de porta-retrato, retalhos de papelão cortados em formas vasadas, cones de linha ou qualquer outro objeto/material com que se possa espiar, podemos criar um equipamento brincante que imita essas câmeras fotográficas e também revelam o instante, convidando as crianças a exercitar a observação e a seleção de imagens, valorizando sua forma de visualizar o mundo. Em um breve movimento, a imagem se dissolve e dá espaço para que a imaginação escolha outro ângulo; a partir da seleção retratada, o grupo de crianças pode ser convidado a espiar também o cenário escolhido pelo autor. Selecione junto das crianças formas que possam provocar o olhar a enquadrar e capturar um momento. Uma outra possibilidade é a criança que capturou as imagens pelas molduras narrar as coisas que está vendo enquanto outro grupo desenha o cenário observado pelo colega. POR UM BRINCAR PARA TODOS COMMAIS NATUREZA E MENOS PLÁSTICO É comum encontrarmos na escola brinquedos feitos predominante- mente de plásticos que imitam o mundo adulto em reproduções adap- tadas com peças sintéticas de pouca flexibilidade e variação de textura. À medida que as teorias educacio- nais foram evoluindo, as formas de imitar o mundo e adaptá-lo para o universo infantil também foram sen- do aprimoradas. Porém, nem sempre a intencionalidade das indústrias era ofertar algo para criar uma relação de intimidade no brincar, mas sim ser uma ferramenta que possibilitaria à criança experimentar diferentes pa- péis sociais da vida contemporânea. Os brinquedos plásticos oferecidos às crianças trazem consigo uma carga de informações engessadas que ten- dem a reduzir o potencial imaginativo. A boneca, por exemplo, já acompanha uma série de roupas para trocar e uma casa para brincar; o carro já vem com um kit das ferramentas que se julgam necessárias para interagir etc. Acredi- tamos que, além dessa “plastificação do brincar”, o mais preocupante são as constantes investidas de separação dos brinquedos por gênero masculi- no ou feminino, o que no popular se chama de “brinquedo de menino ou de menina”. O mercado de consumo e a indústria estabeleceram que a cor azul representaria o grupo masculino, enquanto o rosa indicaria o grupo fe- minino. No entanto, é sempre válido lembrar que as cores não têm gênero, muito menos os brinquedos. Diante de uma diversidade de apara- tos e possibilidades que os brinquedos contemporâneos apresentam, Gandhy Piorski (2016) reforça a necessidade de pensarmos o brincar espontâneo pela relação com a natureza – um brincar mais natural produzido de ter- ra, água, madeira, cipó etc. Segundo o autor, a simplicidade está recheada de potência, pois “quanto mais simples a casa de brincar, os esconderijos de materiais naturais, maior a complexi- dade e os enraizamentos imaginários [...]. Por outra via, quanto mais sofis- ticado, de material sintético, frio e imitador de realidades, [...] menores as sinapses de imersão que [...] apro- fundam a imaginação [...]” (PIORSKI, 2016, p. 76). Um cesto na sala com elementos da natureza foi o convite para Thomas, do Sesquinho Santa Cruz do Sul, ini- ciar seu brincar. Lorenzo sentiu-se convidado a compartilhar com o ami- go essa brincadeira. Ambos não ver- balizavam entre si, mas através de olhares e gestos, foram articulando as combinações dessa relação e, juntos, construíram casas para os animais.

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