revista Sesc Arte e Educação
artes na educação infantil Escute o artigo Revista Sesc de Arte Educação 16 17 CAMINHARES POÉTICOS DE UMMUNDO QUE SE DEIXA APANHAR nação, como as penas perdidas por um pássaro, as pedrinhas entre o as- falto e a calçada, a semente de uma árvore desconhecida e galhos que ti- nham forma de gente. Nos próximos passeios que fizeres com tua criança, abras também teus olhos e sentidos para os convites poéticos e imaginati- vos que o caminho sugere. O Sesquinho Bagé reforça que, pela exploração dos elementos da nature- za, as crianças alavancam uma diver- sidade de criações com o que lhes é colocado à disposição, permitindo um contexto imagético carregado de significações. L embra daquelas caminhadas até o centro da cidade? De quando saíamos de dentro de casa e pi- sávamos na areia ou na grama sen- tindo com os pés as texturas que o mundo possui? Nossos olhos adultos talvez não percebam, mas os olhares infantis também passeiam e às vezes encontram alguns elementos que cha- mam atenção e lhes aguçam a imagi- “É UM BRINQUEDO, EU ACHO!” (GUSTAVO, 4 ANOS) “ISSO É SOJA, GUSTAVO!” (JOAQUIM, 4 ANOS) “É UMAS BOLINHAS!” (GUSTAVO, 4 ANOS) A s folhas de árvores e galhos resultantes da poda do jardim da escola transformaram-se pelo olhar ágil das educadoras num material potente para investigação das crianças. A partir de um contexto organizado pela escola no pátio ex- terno, as crianças experimentaram diferentes texturas: algumas mais ásperas, outras mais macias e lisas. Entraram em contato com elementos que não eram familiares a todos. Em uma conversa, Joaquim e Gustavo, do Sesquinho de Ijuí, observam e manu- seiam a vagem da soja. Passam um tempo fazendo suposições, tirando as sementes e guardando em um pote. O Sesquinho Santo Ângelo também tem aproveitado os momentos de saídas da escola para conhecer a ci- dade junto com as crianças e coletar materiais interessantes para a elabo- ração de produções efêmeras – aque- las experiências que são montadas por um impulso brincante, que vão recebendo novos olhares e depois se desmontam e vivem apenas na me- mória de quem criou ou nos registros fotográficos. Com os materiais dis- poníveis, elas brincam de criar enre- dos, transformam cada elemento em diferentes personagens e fazem des- sas composições uma infinidade de possibilidades simbólicas de brincar. As possibilidades de criação também nos inspiraram a buscar formas de di- minuir o distanciamento trazido pela pandemia. A natureza, na proposta feita pelo Sesquinho Cachoeirinha, é pensada como um meio de as crian- ças produzirem uma homenagem aos colegas e manisfestarem seu carinho e sua saudade. A construção de um cenário a partir de elementos da natu- reza aliados a uma fotografia enviada pela escola possibilitou que as crian- ças fortalecessem os vínculos com os colegas, construindo um sentido de coletividade, pertencimento e amizade.
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