revista Sesc Arte e Educação
artes na educação infantil Escute o artigo Revista Sesc de Arte Educação 18 19 VENTO E BARRO Ao pensar na palavra natureza, o Sesquinho Chuí nos provoca à reflexão de que muitas vezes nossa imaginação nos evoca a associar a natureza ao que é verde, lembrando imediatamente das folhas e das árvores. Mas se formos analisar mais a fundo, a natureza é um signo tão amplo, que até o próprio dicionário o define de forma rasa, geralmente descrevendo como um “conjunto de elementos e fenômenos naturais”. A o avançar nas pesquisas, tor- na-se possível perceber que, para além das definições já sis- tematizadas, os elementos da nature- za se fazem presentes até mesmo no simples ato de respirar. O vento oportuniza às crianças intera- gir e brincar com um elemento instável e fluido que convida ao movimento. No livro Eco-arte com crianças, a ar- te-educadora Anna Marie Holm (2017) apresenta diversas experimentações feitas com crianças em ambientes externos a partir da pesquisa com o vento. Nas ações compartilhadas por ela, é possível brincar com seu movi- mento, pintar, correr com ele e exer- citar a leitura das páginas dos gibis que o vento vai virando. Holm (2017, p. 108) nos alerta “[...] que não é mais possível sustentar que todas as vezes as atividades artísticas com crianças terminem com uma obra física, que em seguida deve ser exposta. Essa ati- tude não corresponde ao pensamen- to ecológico”. Essa atitude de pensar uma docência ligada à ecologia possi- bilita que consideremos o valor atribu- ído no percurso, pois a própria cami- nhada e seleção dos materiais eleitos e colhidos pelo olhar infantil são mais interessantes do que a criação de algo para expor ou para cumprir uma en- trega. Outros elementos da natureza que se fazem presentes e que muitas vezes na cultura da escola são tão co- muns que passam despercebidos são a terra e a água que, ao se misturarem, transformam-se em uma massa que convida a ser amassada, manipulada e sentida, deixando-se provocar por ati- tudes diferentes como a estranheza e a contemplação dessa estesia gerada no corpo a partir da textura gelatinosa do barro ou argila. Nosso corpo é feito de água, sangue, músculos, cabelos, dentes e também de ar! Seja o ar produzido internamen- te pelos pulmões e a contração dos órgãos internos ou mesmo pelos ges- tos e movimentos que externamente produzem ventos. No entanto, tem um tipo de vento que sai do corpo que precisa muita concentração para dei- xá-lo “escapar” pela boca: o assobio. Você já tentou assobiar? Se empurra- mos o ar para fora, um tipo de som é produzido; se puxamos para dentro, é outro. Entre graves e agudos, esses sons se jogam no espaço brincante. Você lembra de outra forma com que o vento interage conosco? Avião de papel, pipas, cata-ventos, barco a vela são alguns brinquedos que também podem com o vento se movimentar. OVENTO QUE SAI DA BOCA E FAZ SOM
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