revista Sesc Arte e Educação

Diálogos com artistas. Escute o artigo 40 41 Revista Sesc de Arte Educação DIÁLOGOS COM ARTISTAS: S ua obra, resultado das vivências nas aldeias e das conversas com sábios em volta da fogueira, tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visu- ais contra o apagamento da cultura indí- gena no Rio Grande do Sul. O diálogo e a integração com a comuni- dade Guarani Mbyá permitiram ao artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade. Nascido em Alegrete, Xa- dalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã. As águas que banharam sua infância car- regam a história de Guaranis Mbyá, Char- ruas, Minuanos, Jaros e Mbones — assim como dos bisavós e trisavós do artista. De etnia desconhecida, eles eram parte de um fragmento indígena que resistia em casas de barro e capim à beira do Ibirapui- tã, dedicando-se à pesca e vivendo ao re- dor do fogo mesmo depois do extermínio das aldeias da região. A revelação de seu nome espiritual guarani, Tupã Jukupé, em batismo Nhemongarai (ri- tual de nomeação), pelo centenário cacique Karai Tataendy Ocã, é parte da reconexão de Xadalu com sua ancestralidade indígena. Xadalu Tupã Jekupé é um artista mestiço que usa elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar, em forma de arte urbana, o tensionamento entre as culturas indígena e ocidental nas cidades. Xadalu Tupã Jekupé/ Dione Martins PROPOSTA DE REFLEXÃO E PESQUISA: Quando você der uma caminhada pelo centro da cidade, coloque sua atenção nos cartazes e adesivos que, por vezes, ficam escondidinhos em um cordão da calçada ou atrás de uma placa. Fotografe as que te interessar e tente, pela assinatura ou marca dei- xada, identificar a autoria do artista. Esses cartazes e adesivos frequente- mente encontrados nos espaços urba- nos das cidades estimulam a criação de relações estéticas que provocam novos meios de perceber sua cidade, seu bairro, sua rua. Compartilhe suas pesquisas com outras pessoas: será que seus familiares, amigos ou alunos já tinham observado esses detalhes na cidade? PROPOSTA PRÁTICA: A partir do trabalho de Xadalu Tupã Jekupé, vamos produzir um sticker personalizado para completar a famí- lia de animais escolhidos pelo artista na exposição Fauna Guarani. Eleja um animal para compor a sua fauna, pes- quise imagens e selecione quais as ca- racterísticas mais marcantes que você gostaria de trazer para o seu desenho. Com o desenho feito, produziremos um estêncil que possibilitará a repeti- ção dessa imagem em diversas super- fícies (papel, plástico, jornal). Depois, a imagem será colada em algum lugar especial ou mesmo diretamente no Através do seu trabalho, busca forta- lecer seu vínculo ancestral por meio da convivência com aldeias do sul do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Integra a cena mundial de arte urbana através do movimento sticker art, com cartazes e adesivos em mais de 60 países. Seus tra- balhos estão em acervos particulares e públicos — como do Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Museu de Arte Contem- porânea do Rio Grande do Sul. Aqui, abordaremos técnicas utilizadas pelo artista (lambe-lambe e stickers arts), que são criados por ele para construir diálogos e reflexões fundamentais dos povos indígenas. atenção de olhares mais observadores. A sticker art é uma manifestação artística pós-moderna, presente nas expressões da street art (arte de rua) que são realizadas no perímetro urbano. Bastante popular, a sticker art, a partir da década de 90, se fortaleceu por meio do trabalho de diver- sos grupos de artistas que avistavam os espaços da cidade como um suporte inte- ressante para receber suas etiquetas ade- sivas, sejam elas autocolantes ou coladas manualmente no formato de lambe-lambe. Expostas à ação do tempo, essa forma de trabalho marca temporariamente diversas superfícies da cidade por adesivos feitos manualmente, por serigrafia ou mesmo im- pressão a jato de tinta. Uma imagem inédi- ta ou símbolo icônico criado pelo artista é repetidamente espalhado pela cidade bus- cando chamar atenção pela diversidade de espaços que pode ocupar produzindo diá- logos e contrastes com o lugar. objeto desejado, como a contracapa de uma agenda ou caderno. MATERIAIS: Pedaço de papelão ou isopor Caneta Tesoura Tinta guache ou acrílica preta Pedaço de esponja ou algodão Papel sulfite, de desenho ou outra su- perfície para aplicar o estêncil COMO FAZER: 1 – Com a caneta, faça o desenho de seu animal no pedaço de papelão ou isopor valorizando os contornos. Pen- se que a imagem produzida no estên- cil será um vazado, como a sombra de um objeto. 2 – Recorte a parte interna do seu de- senho preservando o contorno dela. 3 – No espaço vazado, trabalharemos com a tinta, fazendo uma impressão manual das formas criadas em dife- rentes superfícies. Se preferir, faça primeiro em um jor- nal para testar a quantidade de tinta, a força necessária e o jeitinho para retirar o estêncil sem borrar a forma impressa. Repita essa transferência no local desejado buscando compor uma imagem. 4 – Caso tenha feito em uma fo- lha de papel, espere secar e re- corte o animal produzido. Depois, cole essa impressão em um lugar de sua preferência. CONHEÇA MAIS SOBRE O ARTISTA E SUA OBRA Kururu A o passear pela cidade você já deve ter visto adesivos em formatos e cores diferentes colados em postes, muros ou placas - por vezes, trazem ima- gens, palavras ou símbolos que chamam CONHECENDO UMA DAS TÉCNICAS DOARTISTA: A STICKER ART Orukure’a Jaguaretê Para conhecer mais sobre o artista, acesse o site pelo QR Code Ka’i

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