revista Sesc Arte e Educação
Relatos de experiência Escute o artigo 46 47 Revista Sesc de Arte Educação E speramos que as vivências, imagens e pensamentos compartilhados cheguem em você como um convite para transver o mundo. O poeta Manoel de Barros ge- nerosamente nos lembra que, enquanto o olho é capaz de ver, a lembrança revê e a imaginação transvê. Ver, sentir, criar e imaginar o mundo para além das bor- das seguras e lógicas com que muitas vezes as práticas educativas são elaboradas confere uma outra responsa- bilidade aos educadores – oferece desafio, risco e deses- tabiliza as zonas seguras. Cava espaço para que novas formas de aprendizagem, pautadas pela curiosidade e pela reflexão, possam acontecer tanto em espaços edu- cativos formais quanto não formais. A natureza, em sua pluralidade de elementos, formas, texturas, cores e sons, pode ser um bom disparador para a promoção de ações mais criativas e de cons- cientização sobre a beleza e escassez de seus recursos Ao promovermos experiências de mais mãos e pés na ter- ra, de plantio e colheita, de brincar, de fazer comidinhas de barro, de espremer para sentir o cheiro e conhecer as cores, de provar e experimentar, de partilhar e se alegrar com as conquistas e descobertas, estaremos contribuin- do para aprendizagens e ações mais conscientes frente à preservação dos recursos naturais e da inseparabilidade entre humanidade e natureza. A Revista Sesc de Arte Educação é criada com o objetivo de ser, ao mesmo tempo, um dispositi- vo de pesquisa, criação e mediação em arte no qual educadores são convida- dos a compartilhar suas vivências com arte em espaços formais e não formais. Disponível totalmente on-line para in- teressados nas artes, seu principal di- ferencial está no fato de que as práti- cas elencadas não desejam compor um manual ou cartilha a serem seguidos, mas sim, convidam o leitor/educador à experimentação e à criação de seus próprios percursos por meio das artes. A revista é, portanto, um material que pode ser fruído e lido por diferentes portas de entrada: pelas imagens, pe- los textos e memórias, pelas obras de arte e artistas indicados, pelas suges- tões de leitura e aprofundamento. SOBRE A REVISTA CONVITES PARA TRANSVER C omo professor do Curso Graduação em Teatro: Li- cenciatura na Universidade Estadual do Rio Gran- de do Sul, no decorrer primeiro semestre de 2021, orientei 10 alunos e alunas do Estágio de Docência em Teatro I, que foram desenvolvidos com turmas de Edu- cação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Experiência remota de ensino, tanto na orientação dos estágios feita por mim, quanto na realização do mes- mo pelos meus alunos e alunas. De início, tive muitas dú- vidas sobre como conduzir esse trabalho, pois a realida- de remota nos tira uma das características que definem o próprio evento teatral: o convívio em corpo presente no mesmo espaço durante um tempo determinado entre pes- soas que se dispõem à experiência com esta forma de arte. Nos primeiros encontros de orientação, as perguntas que nos acompanhavameram sobre como preservar umespaço de jogo e brincadeira como ideia de teatro, principalmente com as crianças que compunham as turmas nas quais os estágios se dariam. Nossa preocupação foi escolher abor- dagens que preservassem aspectos do jogo teatral e que pudessem ser realizadas em contexto de ensino remoto, em que o convívio é mediado por aparelhos e aparatos tecno- lógicos como telefone celular e computadores. As respostas em termos metodológicos que encontramos partiram de revisões de possibilidades que poderiam ser realizadasnos limitesdoensinoremoto, quenodecorrerdo semestre se tornou híbrido. Os planos desenvolvidos nos estágios abarcaram jogos tradicionais, jogo teatral, paisa- gem sonora, teatro de sombras, teatro de objetos, o ima- ginário de contos e lendas populares do Brasil, contação e invenção de histórias. Assim, os estágios foram tomando forma, e o que parecia impossível no início se configurou em uma experiência rica, compartilhada com as crianças, as educadoras das escolas em que os estágios se realiza- rameos familiaresdascrianças. Aparticipaçãodas famílias durante as aulas ou na realização de tarefas combinadas foi um misto de emocionante participação e silêncio. Oaproveitamento dessas possibilidades dependeu das con- dições de acesso à tecnologia e internet de cada contexto, da gestão escolar e da vontade das crianças e professoras regentes de cada contexto em que nos fizemos presentes. Mas podemos dizer que encontramos caminhos para conti- nuar e que, mesmo em uma presença parcial, percebemos que as crianças continuam interessadas em jogar, imaginar e inventar formas. Interesses que o teatro e as artes em ge- ral contemplam, mesmo em tempos difíceis como estes. TEATRO NA ESCOLA REMOTA Autor seguido do currículo Carlos Mödinger: Doutor em Artes Cênicas pela UFRGS (2020). Mestre em Letras pela PUC/RS (2006), Licenciado em Educação Artística - Habilitação Artes Cênicas pela UFRGS (1996). Atualmente é, Professor Assistente na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), com atuação no Curso de Graduação em Teatro: Licenciatura em Montenegro/RS.
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