Revista Sesc Arte e Educação 2022
9 Revista Sesc de Arte Educação vol.2 2022 EDUCAÇÃO INFANTIL É ATRAVÉS DE SEU CORPO E DE SUAS EXPERIÊNCIAS MULTISSENSORIAIS QUE A CRIANÇA LÊ O MUNDO, QUE LHE DÁ UM SIGNIFICADO E QUE SE RELACIONA nhas e que elas podem ser feitas no ar, no chão, no corpo, ao vento, na areia, luz, água e onde mais imagi- narmos. As crianças foram se apro- ximando do artista Joan Miró, tendo a disposição para consulta constan- te imagens e materiais que além de contar sobre a vida, história e obras do artista também contribuíram nas pesquisas sobre a linha. Desenhar em várias perspectivas e em diversas posições e ângulos; com os pés, boca, usando o corpo de diferentes maneiras, inicialmente foi desafiador, porém com a recor- rência, com a possibilidade de expe- rimentar muitas vezes e em dias di- ferentes, as crianças foram criando intimidade. Os elementos da natureza tam- bém ganharam espaço ao longo das experimentações tanto na sala de re- ferência, quanto nas idas ao parque e nas representações gráficas. Foi partindo destes elementos naturais que a turma conheceu as mandalas, sua história e encantos, onde indi- vidualmente e em grupo, puderam brincar comsuas formas, linhas e co- res, compreendendo que sua consti- tuição parte do centro e se expande harmonicamente conforme a criati- vidade e expressividade buscando a composição e equilíbrio. Então, entre tantas vivências culturais e artísti- cas, o ano chegou ao fim, e a partir de uma pequena flexibilização quan- to aos protocolos estabelecidos pela pandemia, o convite foi para que as famílias viessem à escola para vive- rem junto das crianças um momen- to diferente, onde puderam explorar, criar e sentir junto com seus filhos, situações propostas que instigaram a relação prazerosa e criadora com diversos materiais já conhecidos pe- las crianças. territórios 1 , “convites” no espaço da sala de referência que potencializam experiências estéticas, investigati- vas e sensíveis a partir de diferentes materiais que instigam, seduzem e apontam direções; e que as crianças criam, exploram, mostram seus mo- dos de pensar, de interagir, de apren- der e de descobrir. Desta forma, ela também solucionou uma questão que a inquietava: um tempo de espe- ra na hora de chegada até que esti- vessem todas as crianças. Hoje esta rotina já está instituída na turma, onde cada um sabe que ao chegar e ser recebido, guarda sua mochila e escolhe um dos territórios organi- zados para se direcionar, tais como: de areia, de autorretrato, de metais, de acrílicos, de luz e sombras, de tecidos e construções, de sons e instrumentos musicais, de cores e texturas, de desenhos efêmeros, de carvão, entre outros. Para finalizar é importante refletir que não temos como voltar no tem- po, nas experiências vividas pelas crianças principalmente durante a pandemia, mas podemos através da arte, ressignificar suas experiências, propor novas oportunidades, im- pressões e aprendizados, gerando ações que venham a contribuir para o total desenvolvimento das nossas crianças. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DUBOVIK, Alejandra; CIPPITELLI, Alejandra. A linha como linguagem: repertório do visível. Trad. Bruna Heringer de Souza Villar. São Paulo: Phorte, 2020. 1 Tomando como referência os estudos relacionados a Escola Jardin Fabulinus, este termo foi esco- lhido pela instrutora para representar um determinado espaço organizado dentro dos contextos da sala de referência e tem como propósito ser um lugar a desbravar, conquistar com investigações autônomas, tendo o professor como um mediador deste momento. Considerações finais: Da mesma forma que a caminha- da da turma está tendo sequência na escola e não partiu de um “novo co- meço”, o olhar da educadora Débora para o grupo novo que chegou em 2022 se voltou para a continuidade das pesquisas e propostas relacio- nadas à arte e à linguagem gráfica como forma de expressão. A partir das vivências anteriores, de suas reflexões, de sua bagagem e visão sobre acertos e erros a educado- ra organizou momentos de criação com diferentes materiais desde os primeiros dias deste grupo, ganhan- do novas perspectivas a partir do olhar e percepções da turma. Dia- riamente antes das crianças chega- rem à escola, ela organiza a partir de
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