Revista Sesc Arte e Educação 2023

11 Revista Sesc de Arte Educação vol.3 2023 EDUCAÇÃO INFANTIL com pedras empilhadas e blocos de montar, alémde esculturas comargila e papel machê. Já no segundo semestre, uma nova normativa sanitária municipal foi es- tabelecida, e o transitar para fora das paredes da escola foi finalmente ex- perienciado. Nessemomento explora- mos, inicialmente, o entorno da escola e as construções próximas, nos apro- priando dos espaços e, gradativamen- te ampliando nossos percursos. Tonucci (2019) argumenta que as cidades foram projetadas e pensadas por adultos, no entanto, ao realizar a escuta das crianças sobre os territó- rios urbanos percebemos que dife- rentes aparatos da estrutura sofrem apropriações diversas por parte das crianças, como uma rampa de acesso da calçada torna-se um escorrega, ou mesmo o padrão das calçadas trans- forma-se em um jogo de saltar ama- relinha. AO INVESTIGAR COM AS CRIANÇAS AMBIENTES EXTERNOS PÚBLICOS FOI POSSÍVEL ELENCAR IMPORTANTES ASPECTOS RELACIONADOS A SOCIABILIDADE E A AUTONOMIA, EXPLICITANDO DISCUSSÕES POLÍTICAS, SOCIAIS E CULTURAIS SOBRE OS TERRITÓRIOS. 1 Nome artístico de Vicente José de Oliveira Muniz, artista plástico brasileiro que elenca em suas escul- turas e fotografias materiais como materiais recicláveis, alimentos, serragem, pó, terra, dentre outros. 2 Artista plástica brasileira que utiliza em suas esculturas tridimensionais materiais como bronze, con- creto, pedras e papel machê). Outra estratégia utilizada pelas educadoras, como movimento ex- ploratório da cidade, foi o transitar de forma virtual com a ferramenta do Street View, no Google Maps, o qual possibilitou o deslocamento pe- las ruas através da observação pela tela do computador, juntamente com projeções. Essas projeções corrobo- raram nas percepções de escala de tamanho e deslocamento pelas ruas da cidade e na visitação de suas re- sidências de forma virtual, de uma ponta a outra da cidade, e ainda na cidade vizinha, atravessando ponte e observando a orla da praia. Construímos maquetes, a partir dessas observações, para compre- ender os deslocamentos realizados e, através das artes plásticas, moldar elementos significativos para nossa cultura litorânea como a escultura da praça principal e demais animais que circulam na barra do rio Tramandaí, ou seja, os botos que fazem parte do cotidiano de pescadores desse terri- tório, com papel machê. Ao longo do ano, fomos construin- do edificações com materialidades diversas e de forma efêmera agregan- do sentido em novos modos de em- pilhar, equilibrar e compreender como o bidimensional e o tridimensional atua em nossas vidas e na produção da arte. Ao integrar essas dimensões, trouxemos como inspiração dois ar- tistas com produções efêmeras, Vik Muniz (1) e Erika Verzutti (2) . O primeiro nos inspirou em construções efême- ras com areia, gravetos e elementos da natureza, enquanto a segunda artista nos inspirou em edificações Ao tornar parte desses territórios elementos manipuláveis, como ma- quetes móveis, construídas a partir das materialidades dispostas em di- ferentes propostas pelas educadoras, esses modelos da cidade puderam ser montados e modificados, ao mes- mo tempo em que elas formulavam novas perguntas e intenções de com- preender o mundo a sua volta. Considerações finais: As crianças em seu cotidiano cons- troem suas aprendizagens na intera- ção comseus pares, comos adultos e com o mundo que os rodeia, tanto de forma virtual, como ao transitar pela realidade, agregando conhecimento com novas informações, de manei- ra curiosa e inventiva. Ao explorar as diferentes linguagens artísticas po- demos experienciar movimentos, ma- nipulação, exploração e percepções estéticas que, em muitas vezes, ape- nas o ambiente escolar promove. Essas experiências possuem a po- tencialidade comparativa, as investi- gações de processo científico, visto que, as crianças observam empirica- mente, formulam perguntas, buscam respostas e desenvolvem seus pró- prios entendimentos e explicações sobre o mundo que as cercam. Este conhecimento não é produzido por acaso, mas através de um processo complexo de exploração. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUKIER, Viviana; DEL CORSO, Josiane. Arquiteturas Fantásticas: ideias, teorias e narrativas de crianças de 2 e 3 anos. Ateliê Carambola, SP, 2016. TONUCCI, Francesco. A cidade das crianças: um novo modo de pensar a cidade. Tradução: Margarida Periquito. Ágora K, 2019.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI4Mzk=