Revista Sesc Arte e Educação 2023

14 Revista Sesc de Arte Educação vol.3 2023 EDUCAÇÃO INFANTIL Festa na floresta: música brasileira na escola Dulcimarta Lemos Lino Professora no Departamento de Estudos Especializados (DEE) da Faculdade de Educação (FACED) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre e Doutora em Educação. Licenciada em Educação Artística: Habilitação em Música. Líder do Grupo de Pesquisa Escuta Poética e do Programa de Extensão PIÁ. Pesquisadora no grupo Estudos Poéticos: Educação e Linguagem vinculado ao pós- graduação em Educação da UNISC. Paula Cristiane Emcke Pós-graduada em Literatura Infantil e Ludopedagogia. Licenciada e Bacharel em Ciências Biológicas. Atua como pedagoga na Escola de Educação Infantil Jesus Menino (Secretaria Municipal de Educação de São Leopoldo) e Professora de Biologia no Ensino Fundamental (Secretaria Municipal de Educação de Novo Hamburgo). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Escuta Poética (FACED/ UFRGS). Professora de música do Projeto Barulhar (SMED São Leopoldo). Festa na Floresta! Na escuta a música brasileira inventada na esco- la pública. Música feita COM crian- ças e COM pedagogas na sala de aula. Resistência criativa de coleti- vos colaborativos. Tudo inicia dentro do Projeto Barulhar (UFRGS, 2021), parceria da Secretaria Municipal de Educação (São Leopoldo) com a Fa- culdade de Educação (UFRGS). Fa- zer valer a lei: música no cotidiano escolar assumida pelas pedagogas. Iniciamos a formação continuada em educação musical no ano de 2020 apenas com professores da rede interessados e, posteriormen- te, continuamos a referida formação em pequeno grupo. Duas pedago- gas assumiram semanalmente 10 turmas de educação infantil (278 crianças) durante 3 horas, ministran- do aulas de música dentro da carga horária curricular escolar. Nosso relato toca os saberes constituintes das raízes da música brasileira: “os estoques culturais de grupos domesticados (indígenas), de grupos escravizados (africanos) e de grupos das classes subalternas (portugueses). Festa na Floresta surge na especificidade da escuta e pesquisa dos povos originários, suas narrativas e modos de ser e estar no mundo. Entre a experimen- tação de danças, cantos, mitos, his- tórias, fotos, visitas às comunidades vizinhas, fomos compreendendo as diferentes etnias e sua cosmo-sôni- ca (STEIN, 2009). No projeto da Unicef “Deixa que eu Conto” (VELHO, 2020, p.115) co- nhecemos Katui . Menina indígena que aprendeu com os anciãos de sua aldeia a respeitar e amar a floresta. Um dia, Katuí descobre que parte da floresta foi derrubada, o que causava Escute o artigo grande tristeza para seu povo. Duran- te a noite sonhou com a grande árvo- re, a samaumeira que cantava. Com ajuda das pessoas do povo e dos guainumbis (beija-flores, na língua Tupi), ela vai procurar a árvore que apareceu no sonho. Quando a encon- tra, percebe que há um cesto cheio de sementes de árvores nativas. Katuí compreende a mensagem da grande árvore: reflorestar. Então, ela convida os pássaros para carrega- rem e plantarem as sementes. Após plantarem cada semente, Katuí , seu povo e demais habitantes da floresta podem contemplar a mata renascen- do e tomando sua forma. As crianças adoraram a narrativa! Acordaram o corpo para sentir “sua floresta” e escutar a paisagem sono- ra escolar. Logo fomos entendendo o Mba”epú nhendú , o som de todas as coisas do cotidiano para os Mbyá

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI4Mzk=