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53 EDUCA SESC 2019 KELI OLIVEIRA VIEIRA é graduada em História pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), aluna do Curso de Especialização Mídias na Educação da Universidade Federal de Rio Grande (FURG). JOICE ARAÚJO ESPERANÇA é pedagoga e Doutora em Educação Ambiental (PPGEA/FURG). Professora Adjunta do Instituto de Educação da FURG. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação PPGEdu/FURG e Coordenadora do Curso de Especialização Mídias na Educação. capacidade de melhorar de se expressar por meio das redes sociais (Participante C). Como se pode identificar pelas respostas dos jovens, a importância das mídias em sua vida justifica-se em razão do estabelecimento e do fortalecimento das relações socioafetivas, do acesso à internet e suas possibilidades de obtenção de informações sobre eventos cotidianos. Ademais, os jovens destacaram as possibilidades de participação, cocriação e interação potencializadas pelas redes sociais. Importa ainda destacar que os jovens reconhecemque as mídias digitais não são boas ou ruins em si mesmas, mas que podem fomentar diversos usos, comdiferentes finalidades, as quais podembeneficiar ou prejudicar as relações e o desenvolvimento das pessoas. Como destaca Santos (2011), os bens culturais não têm significados isolados do restante do mundo social, seus significados dependemda relação estabelecida pelo todo. Ou seja, os bens não possuem significação por si só, são os sujeitos que atribuem significados a eles no contexto das relações sociais. Portanto, se não podemos conceber as mídias digitais como a solução definitiva para as mazelas e o enfrentamento dos desafios educacionais, também não podemos ignorá-las como um importante aspecto que constitui as culturas das juventudes contemporâneas. Assim, as mídias digitais podem configurar possibilidades de ressignificação de concepções e práticas pedagógicas, mais atentas e consentâneas com as vivências dos estudantes nativos digitais. CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises desenvolvidas no contexto desta pesquisa sinalizamque as mídias digitais estão entre as principais atividades de lazer e entretenimento dos jovens, o que corrobora a ideia que os conteúdos midiáticos produzem efeitos potentes na modelagem de suas perspectivas e visões de mundo. A pesquisa reforça a necessidade de mediação pedagógica para que os jovens possam realizar usos críticos das mídias digitais, refletindo sobre seus conteúdos e linguagens, a fimde ampliar seus repertórios culturais e as compreensões sobre o fluxo informacional na sociedade contemporânea. Para Buckingham (2008) a educação emmídias não se restringe ao desenvolvimento de habilidades técnicas ou a alguma forma ingênua de criatividade. Trata-se de desenvolver uma compreensão crítica das formas culturais e dos processos de comunicação. Aqui também a tecnologia não precipita mudanças por si só. De acordo com o referido autor ela necessita de interrogação crítica, e seu valor depende crucialmente dos contextos educacionais em que ela está sendo usada. Ao analisar os resultados obtidos pela pesquisa pode-se constatar que as mídias operam na formação das opiniões dos jovens e que muitos não questionam o que é compartilhado nos sites de redes sociais, estando suscetíveis às notícias falsas que circulam na internet, as chamadas fake news. Recentemente, observou-se o quanto está prática influencia aspectos cruciais da vida social, como o processo eleitoral brasileiro. O presente trabalho pretende contribuir para que os estudos sobre as mídias digitais e juventudes levem os profissionais da educação a repensarem suas práticas, visando a construção de currículos que articulem a cultura escolar e as culturas dos jovens, que chegam às salas de aula socializados pela mídia e pelo consumo. Considero que os professores têm o compromisso social de atuar na mediação das interações que os estudantes estabelecem com as mídias digitais, problematizando como os artefatos midiáticos operamna construção de significados, mobilizando, assim o senso crítico dos jovens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BABIN, Pierre; KOULUMDJIAN, Marie-France. Os novos modos de compreender – Geração do audiovisual e do computador, Ed. Paulinas: São Paulo, 1989. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/clebersonmoura/ os-novos-modos-de-compreender-a-gerao-do- audiovisual-e-do-computador>. Acesso em: 26 nov.2018. BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. 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