4 URBE  #5  intermitências URBANAS Foi durante o estágio obrigatório do curso de artes em uma escola pública de São Paulo que o artista visual Edu- ardo Srur realizou a primeira interven- ção política. Lá, à vista dos estudantes, estavam dezenas de mesas e cadeiras velhas abandonadas em estado de deterioração, que foram usadas em composições minimalistas, no pátio, na instalação Sala de aula (1998), com a participação dos alunos. Se essa obra teve repercussão apenas na escola, não se pode dizer o mesmo das inter- venções que sucederam aquela. Srur já colocou barracas iluminadas suspensas na fachada de uma construção aban- donada na intervenção Acampamento dos anjos (2004), 360 boias salva-vidas no espelho d’água do Congresso Nacio- nal em A arte salva (2011), uma réplica de uma carruagem imperial com cava- los em escala real no mastro da ponte estaiada da marginal Pinheiros, em Car- ruagem (2012), touros montando vacas da Cow Parade, na intervenção Touro Bandido (2010), e muito mais. Em 2004, Âncora , intervenção não autorizada de conotação política, teve um desfecho surpreendente. Srur colocou uma âncora construída em borracha, madeira, massa asfáltica, pó de ferro, corda de sisal e cabo de aço junto ao Monumento às Bandeiras, no Parque Ibirapuera, em plena luz do dia. Mesmo sem autorização da prefeitura, a “velha” âncora de navio permane- A cidade é a galeria A cidade é meu laboratório. É a tela embranco onde eu realizominhas ideias. Eu acredito que arte não é domesticável. Quero provocar as pessoas, fazê-las refletir, tirar o espectador da anestesia do dia a dia na nossa cidade. eduardo srur por Clarissa Eidelwein

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