45 URBE | # 03/04 | FOBIAS URBANAS Referências BURGOS, Pedro. Por que o Google Glass não é o futuro que precisamos . http://jezebel.uol.com.br/por-que-o-google-glass-nao-e-o-futuro-que-precisamos/ FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir . São Paulo: Vozes, 2007. 264 p. KEHL, Maria Rita. Muito Além do Espetáculo. In: NOVAES, Adauto . São Paulo: Editora Senac, 2005. 302 p. (p. 234-253) KEHL, Maria Rita. O espetáculo como meio de subjetivação. In: BUCCI, Eugênio. KEHL, Maria Rita. Videologias . São Paulo: Boitempo, 2004. (Col. Estádio de Sítio). 252 p. (p.43-62) KIRN, Walter. Little Brother Is Watching http://www.nytimes.com/2010/10/17/magazine/17FOB-WWLN-t.html LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A cultura-mundo: respostas a uma sociedade desorientada . São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 207 p. LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A tela global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna . Porto Alegre: Sulina, 2009. 326 p. Luísa Kiefer é jornalista formada pela PUCRS e mestranda em História, Teoria e Crítica de Artes pelo Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Já colaborou com as revistas Aplauso e DasArtes e mantém uma coluna sobre artes no site de cultura PEK. mesmos, em uma espécie de subversão do sistema, abrimos espaço para que a tecnologia tomasse conta do nosso presente. No meio do caminho, esque- cemos de parar para pensar o que de- veria ser compartilhado e o quanto gos- taríamos de nos tornar dependentes e sufocados por telas que não cessam em transmitir imagens. Transformamos a nossa falta em necessidade da imagem. Como se apa- recer fosse capaz de preencher algum espaço das nossas angústias existenciais. Ao construirmos uma cultura urbana calcada na tela, corremos o risco de criar a nossa própria ditadura – passarmos a viver presos à tela a partir do momen- to em que não soubermos mais criar, e identificar, os limites entre o público e o privado, entre a hora de se conectar e o tempo de permanecer desconectado, Da tela mínima à tela gigante, um fluxo de imagens está em permanente circulação no ecrã, transformando o homem hipermoderno em Homo ecranis e instaurando uma ecranocracia cujos poderes alguns já temem. em como dividir o tempo gasto nas re- des com a vida em “carne e osso”. “A rede telânica tornou-se um instrumento de comunicação e de informação, um intermediário qua- se inevitável em nossa relação com o mundo e os outros. Existir é, de ma- neira crescente, estar ligado à tela e interconectado às redes ”, ressaltam Li- povetsky e Serroy. A partir do sufoco de telas e ima- gens que compõem a vida urbana hoje, os teóricos sugerem uma passagem do Homo sapiens a um Homo ecranis; da Democracia a uma Ecranocracia. A overdose de telas e a abundân- cia de informações ameaçam a liberdade. Se continuarmos desta forma, corremos o risco de vivermos para sempre presos em uma paisagem urbana onde, por onde olhamos, vemos telas brilhando.

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